Distante de cenários como o de quatro anos atrás, quando chegou a criar estratégias para inibir o consumo de gás natural, nos próximos meses a Petrobrás deverá criar novos mercados para a oferta excedente de 20 milhões de metros cúbicos (m³) diários, que começam a ser produzidos este ano. Entre as medidas em estudos para equilibrar oferta e demanda, está a redução do volume importado da Bolívia. Em entrevista à Agência Estado, a diretora de Gás e Energia da Petrobrás, Graça Foster, revelou que a oferta de gás nacional em 2011 deverá saltar para até 49 milhões de m³ por dia, ante os 29 milhões de m³ diários da média no ano passado. O aumento decorre principalmente da entrada em produção do Sistema de Mexilhão, descoberto em 2003 na Bacia de Santos, que engloba o campo de mesmo nome, além do vizinho Uruguá-Tambaú, e serve principalmente de escoamento para o projeto-piloto do campo de Lula (ex-Tupi), com capacidade para produzir 100 mil barris por dia de óleo associado a 6 milhões de m³ de gás natural. “Vamos reduzir a importação da Bolívia e interromper encomenda de cargas de GNL importado. Demanda a gente vai criar”, diz a diretora, destacando que a prioridade é dar destino ao gás de reservatórios localizados na camada do pré-sal, associados ao óleo. Além de Lula, até 2015 outros 12 sistemas, de capacidade equivalente, devem entrar em produção na região. Ao contrário de Mexilhão e Uruguá-Tambaú, onde o gás não é associado ao óleo e pode ser extraído quando for conveniente, em campos como o de Lula o óleo não pode ser separado do gás associado. Dentro das possibilidades técnicas, a Petrobrás vem reinjetando parte do gás e queimando outra parte, seguindo os limites da lei ambiental. Porém, entre fim de abril e início de maio, quando entrar em operação o Sistema de Mexilhão, haverá acréscimo na oferta de gás nacional no País de cerca de 15 milhões de m³ por dia, o equivalente à metade do volume importado da Bolívia. Há ainda outras plataformas na Bacia de Campos, como a P-57, que devem somar novos volumes ao gás produzido no País. O impacto imediato deverá ser o aumento da participação do gás nacional no mercado interno. No ano passado, o gás nacional participou com 46,4% da oferta, que atingiu 61,5 milhões de m³ diários. Do gás importado, a média diária da Bolívia foi de 26,4 milhões. Cargas de Gás Natural Liquefeito (GNL) foram constantes nos terminais de Pecém e da Baía de Guanabara. Para 2011, Graça vê a possibilidade de reduzir a importação da Bolívia ao limite do contrato, de 24 milhões de m³ por dia, além de suspender a importação de GNL para a Baía de Guanabara, mantendo apenas as cargas para Pecém. Expansão da oferta 29 milhões de m3 diários foi a média da oferta de gás natural em 2010 49 milhões de m3 diários é a média de 2011