O governo brasileiro pode criar um imposto para taxar automóveis nacionais ou importados movidos apenas a gasolina, a fim de incentivar o uso do etanol e angariar recursos para o investimento do País em inovação. A proposta faz parte de estudo para a criação de fundos setoriais em quatro áreas: indústria automotiva, sistema financeiro, mineração e construção.
Um dia antes da chegada da presidente Dilma Rousseff a Pequim, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, deixou claro que o Brasil deve indicar prioridade em relação ao etanol. “Podemos tributar todo automóvel que não seja bicombustível ou não seja (movido a) etanol para criar fundos setoriais e financiar pesquisa e desenvolvimento”, afirmou.
Dilma desembarca hoje na capital da China, para uma visita de seis dias, e tem interesse em pôr o etanol na pauta das negociações internacionais estratégicas. Na lista dos 20 acordos que a presidente assinará com o governo chinês há pelo menos um memorando de entendimento que objetiva “promover parcerias para o desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração”.
Mercadante não deu detalhes sobre a criação dos fundos setoriais e eventuais tributos, mas disse já ter conversado sobre o assunto com Dilma. A ideia é criar “soluções fiscais” que possam fazer frente à tesourada no Orçamento. No caso da indústria automobilística, o aporte financeiro para o novo fundo poderia auxiliar pesquisas sobre resistência de motores a etanol.
Acompanhada por uma comitiva de cinco ministros e 237 empresários, Dilma quer convencer os chineses ainda a investir em produtos manufaturados. Embora a China seja o maior parceiro comercial do Brasil, a pauta das exportações é dominada por commodities, como minério de ferro, petróleo e soja.