Atualmente o preço da gasolina no mercado americano está 14% mais alto que o preço local. É isso que mostra pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) a pedido do Valor, comparando o preço do mercado americano com o de venda nas refinarias da Petrobras.
O percentual toma como base os preços médios de referência praticados no mercado do Golfo do México em março. Como a Petrobras já importou 1,5 milhão de barris de gasolina – como informou na semana passada o diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa -, essa compra pode representar um prejuízo de R$ 62 milhões para a estatal. Isso porque a Petrobras estaria deixando de repassar uma diferença de R$ 0,26 por litro entre o preço de aquisição (R$ 1,31 por litro, já incluído frete e armazenamento) e o de venda no mercado doméstico, a R$ 1,015 por litro, excluída a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Cálculo feito por um banco de investimentos consultado pelo Valor chega a um valor maior, de R$ 71,6 milhões, considerando os preços do mercado ontem. O valor final efetivo vai depender do preço de aquisição da estatal mais os custos de importação e frete, que ela não divulga.
Paulo Roberto Costa, homenageado ontem pela Câmara Municipal do Rio com a Medalha Pedro Ernesto, não confirma esses números e nem revela os custos com importação, dizendo que são parte de uma negociação comercial. Mas acha que o Brasil importa muito pouca gasolina. Ele lembrou que no ano passado as importações – que foram de 3 milhões de barris – foram suficientes para 10 dias do consumo interno, enquanto as deste ano, de 1,5 milhão de barris, são suficientes para atender entre quatro e cinco dias de consumo.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, ressaltou que o atual preço da gasolina é fortemente influenciado pelo etanol, e não pelo mercado internacional. Segundo ele, o consumidor brasileiro pode optar por mais gasolina, mas lembrou que se o consumo continuar aumentando, e considerando que a Petrobras está no limite da produção, será necessário importar mais.
O diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, garantiu ao Valor que a companhia não está tendo prejuízo com as importações. “Passamos dois anos vendendo acima do mercado internacional. Essa é a nossa política de preços que se insiste em revogar ou esquecer. O importante dessa política é que ela visa realizar um lucro médio, sem picos e nem vales”, afirma.
Segundo o executivo, essa prática tem a vantagem de trazer uma geração de caixa estável e de não levar ao consumidor o efeito nocivo da volatilidade. Para o investidor, Barbassa avalia que o resultado, na média, fica igual ao que se teria com uma política de reajuste ajustada no curto prazo.
Mesmo assim, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo está acompanhando de perto o mercado de combustíveis. “Nós estamos resistindo com o preço atual na tentativa de não elevar o preço na bomba de combustível. Mas se os preços continuarem se elevando, será inevitável”, disse Lobão, lembrando que no último reajuste, em 2008, o preço caiu. “Há nove anos que não se altera o preço do combustível para mais”, frisou Lobão.