A inflação do álcool combustível no varejo este mês atingiu o maior patamar em quatro anos para um mês de março. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feito a pedido da Agência Estado usando como base informações apuradas para o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) do mês, mostrou que o preço do álcool combustível em março deste ano junto ao consumidor subiu 4,05%, acima das variações registradas, para o mesmo mês, de 2010 (1,53%); 2009 (1,58%); 2008 (-1,86%) e 2007 (-0,9%), sendo a mais intensa em quatro meses.
A taxa de variação de preços do álcool no varejo também se posicionou muito acima da média da inflação varejista medida pelo IGP-10, que subiu 0,59% em março. Responsável pelo levantamento, o economista da FGV André Braz comentou que o preço do álcool tem subido muito nos postos de venda por conta de restrição de oferta na cana-de-açúcar. Atualmente, o período é de entressafra da cana, o que reduz a quantidade de etanol no mercado.
A alta no preço do álcool no mercado não é uma novidade. Braz lembrou que, no ano passado, o preço do álcool passou por aumentos sucessivos em função da quebra de safra de cana na Índia, o que reduziu os estoques de açúcar do mercado internacional, fazendo com que fosse mais vantajoso produzir açúcar que etanol. “Este ano, os preços do álcool devem subir até abril, quando começa a safra de cana. No próximo mês, com o início da colheita, deve ocorrer uma estabilização da oferta da álcool e uma gradual redução no preço”, avaliou.
Até o momento, no entanto, a gasolina no varejo não sofreu repasses bruscos de aumentos de preços, por conta de efeitos da menor oferta de álcool no mercado. A gasolina conta com 25% de álcool em sua formação, e registrou inflação acumulada em 12 meses de 0,73% até março, a menor taxa neste tipo de comparação desde outubro de 2009 (0,09%). Em março, a gasolina subiu 0,26% no varejo, abaixo da taxa de fevereiro (0,32%) e a menor variação de preços desde outubro de 2010 (-0,51%). “O que podemos perceber é que, no momento, para o consumidor, é mais vantajoso comprar gasolina do que álcool, no posto”, afirmou.
Alessandra Saraiva, Agência Estado