Questões relacionadas aos combustíveis estarão na pauta da visita do presidente americano, Barack Obama, ao Brasil. A Casa Branca expressou a necessidade de diversificar seus fornecedores de petróleo — o Brasil é visto como um potencial exportador para os EUA no futuro —, e empresas americanas manifestaram forte interesse em participar da exploração do pré-sal brasileiro. Num momento em que o petróleo atinge preços recordes por causa das revoltas sociais no mundo árabe, Obama anunciou que pretende fortalecer as relações com outros países produtores e explicitou que esse será um tema de discussão com a presidente Dilma Roussef.

Na opinião de um lobista brasileiro em questões energéticas, com trânsito em Washington, Obama terá de ser cauteloso com suas palavras no Brasil.

— Depois do acidente de vazamento de óleo no Golfo do México, ficou difícil a autorização nos EUA para exploração de petróleo em alta profundidade. Se Obama for ao Brasil defender a participação de empresas americanas no pré-sal brasileiro, os congressistas republicanos certamente vão cair em cima dele.

Os dois países também vão discutir, com a participação do setor privado, a elaboração conjunta de um biocombustível para ser usado na aviação.

A política americana em relação à tarifação de importação do etanol brasileiro também deverá fazer parte das conversas, mas, como depende de decisões do Congresso, o impasse deverá continuar. O produto brasileiro é taxado a US$ 0,54 por galão (equivalente a 3,78 litros) na importação. Os produtores americanos recebem um subsídio de US$ 0,45 por galão ao etanol misturado à gasolina, benefício igualmente usufruído pelos brasileiros, mas ainda assim subsiste uma tarifação de US$ 0,09.

 

Fonte: Fernando Eichenberg, jornal O Globo