Cada vez mais empresas que produzem veículos pesados, como a Scania, MAN Latin America e IVECO, apostam na fabricação de veículos que utilizam o etanol como combustível, um promissor nicho de mercado que pode contribuir para reduzir custos operacionais e emissões de poluentes particularmente em usinas e destilarias sucroenergéticas. Foi o que observou o consultor em Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, durante o Salão Internacional do Transporte 2011 (Fenatran), evento que atraiu 55 mil visitantes ao Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo (SP) em seu primeiro dia (24-10), e que continua até sexta-feira (28-10).
“A demonstração da viabilidade técnica do uso do etanol em veículos de transporte pesado usados nas diferentes etapas de produção da cana representa uma oportunidade de economia no gasto com diesel nas unidades produtoras,” avalia Szwarc. Segundo o especialista, o maior diferencial desta tecnologia, presente em países como Brasil, Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca, é o seu poder de reduzir em até 80% as emissões de dióxido de carbônico (CO2) em comparação com os combustíveis fósseis, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global.
Na 18º edição da Fenatran, que há 30 anos apresenta produtos e serviços destinados aos transportadores de cargas em diversos modais, visitantes de mais de 45 países verificaram de perto as novidades na área de transporte de cargas, com destaque para três produtos destinados ao setor sucroenergético.
Portfólio “Verde”
Durante a feira, a Scania expôs o modelo P270, primeiro modelo de caminhão da categoria extrapesado equipado com o mesmo motor que equipa os cerca de 800 ônibus a etanol fabricados pela empresa e hoje em circulação pelo mundo. O caminhão, já oferecido no mercado europeu pela Scania, pode ser usado como apoio em operações industriais e agrícolas em usinas de processamento de cana no Brasil.
Além disso, o veículo, já disponível para a comercialização no País, pode se transformar em caminhão de lixo ou betoneira, ambos de uso primordialmente urbano. Com mais de 20 anos de experiência, a marca já entregou ônibus movidos a combustível renovável no Brasil, Suécia, Grã Bretanha, Espanha, Itália, Bélgica e Noruega.
A IVECO, divisão do Grupo Fiat dedicada à fabricação de veículos pesados, apresentou o motor do Trakker Bi-Fuel, um caminhão canavieiro de 63 toneladas que permite redução no consumo do óleo diesel pela adoção do combustível renovável produzido a partir da cana. O protótipo do veículo, que pode operar exclusivamente com diesel ou na proporção 60% diesel e 40% etanol, segue em testes na Usina da Barra, unidade do Grupo Raízen localizada em Barra Bonita, no interior paulista.
Outro modelo, o TGS 33.440 6X4, foi apresentado pela MAN, a maior fabricante de caminhões na América do Sul e proprietária da Volkswagen Caminhões e Ônibus. O novo veículo da marca, destinado ao transporte de cana, também utiliza o conceito bi-combustível e tem como calibração do motor o uso de 50% de cada combustível, ainda em fase de testes pela fábrica. Na opinião de Szwarc, os caminhões da IVECO e da MAN ainda levarão de um a dois anos para completar todos os testes de desempenho, consumo de combustível e durabilidade antes de serem oferecidos no mercado nacional.