A recente disparada no preço do petróleo deve influenciar o novo plano de negócios da Petrobrás, previsto para ser divulgado em maio. Ontem, o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, revelou que “provavelmente” levará em conta uma cotação do barril de petróleo acima de US$ 80 para o período 2011/2015.

Segundo ele, a cifra de US$ 80 foi utilizada como parâmetro para o último plano, que previu investimentos de US$ 224 bilhões entre 2010 e 2014. Em meio a preços mais elevados do petróleo no mercado internacional, o executivo conta que o planejamento estratégico precisa avaliar esse novo cenário. O ponto-chave é verificar se a trajetória de preços tende a se sustentar em alta.

“Hoje a expectativa geral é que estes US$ 80 não serão mais US$ 80. Deverá ser mais do que US$ 80. O quanto mais eu não sei”, diz o executivo, que ontem participou de um evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef-Rio)

Na semana passada, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, já havia sinalizado a intenção de revisar para cima o valor médio do barril. Mas nenhum dos dois executivos adiantou qual a cifra que será usada como referência para o plano 2011/2015.

Barbassa pondera que o aumento de preço pode não se sustentar, mas voltar a subir daqui a dois ou três anos. “Assim, você precisa trabalhar com uma média (de preço do barril) superior”, afirma. O executivo ressalta ainda que o caixa da companhia será beneficiado caso o valor do petróleo a ser adotado no novo plano suba.

Ele argumenta, entretanto, que o último planejamento estratégico não levava em conta a cessão onerosa, que dá a Petrobrás a possibilidade de explorar mais de 5 milhões de barris de petróleo.

O desenvolvimento de projetos nas áreas da cessão onerosa vai consumir mais investimentos e, com isso, pode acabar elevado a necessidade de captação prevista pela empresa. Para o período 2010/2014, a expectativa da Petrobrás era captar US$ 17 bilhões.

Avanços na Líbia – Os preços do petróleo caíram como resposta aos informes sobre avanços das forças que se opõem ao regime de Muamar Kadafi na Líbia.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, por sua vez, disse que as forças que se opõem a Kadafi não sofrerão sanções econômicas se retomarem a produção e a venda de petróleo nas regiões que controlam. “Concordo que essa notícia de que as regiões controladas pela oposição líbia poderão voltar a produzir em breve pode ter influenciado o mercado, mas em minha opinião isso é loucura, porque a retomada não vai ocorrer logo”, diz Andy Lebow, da MF Global.

Na Bolsa de Nova York os contratos de petróleo bruto para maio fecharam a US$ 103,98 o barril, em queda de 1,34%. Na Intercontinental Exchange (ICE), os contratos do Brent para maio fecharam a US$ 114,80 em queda de 0,68%.


Monica Ciarelli, Estado de São Paulo