O motivo, segundo o economista da agência de varejo automotivo M.Santos, Ayrton Fontes, é que o consumidor brasileiro pensa mais no dinheiro que está gastando no momento em que abastece e não faz as contas para saber qual combustível é mais vantajoso.
“O brasileiro é muito imediatista. Não pensa na economia total e sim no valor que vai pagar naquele momento, na hora de abastecer”, diz Fontes.
O presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), José Alberto Paiva Gouveia, concorda. “O brasileiro não está acostumado a fazer este tipo de conta”, acredita.
Estudo dos EUA
Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente mostrou que os motoristas estão “fugindo” do aumento dos custos do petróleo optando por carros híbridos ou mais econômicos, em detrimento dos SUVs (utilitários) e veículos mais potentes.
Mas, segundo Fontes, no Brasil, a mentalidade é diferente. “O consumidor das classes mais elevadas não está preocupado com isso. Ele compra o carro que se adeque às suas necessidades, independente dele ser mais econômico ou gastar muito combustível”, diz.
Gouveia também ressalta a questão do conforto. Ele lembra que, nos Estados Unidos, a maioria dos veículos já sai de fábrica com itens de série, como direção hidráulica, ar condicionado, o que não acontece no Brasil. “Melhoramos muito desde o início da década de 90, quando a frota era muito ultrapassada, mas estamos longe dos Estados Unidos, por exemplo”, diz o presidente do Sincopetro.
Baixa renda
Já aqueles que têm menor poder aquisitivo continuam priorizando os carros mais baratos, não tanto pela economia de combustível, mas pelo valor do bem e pelo fato de poderem abastecer com etanol.
“Essas pessoas compram carro flex, mas não pensam em abastecer com gasolina. Elas priorizam sempre o álcool”, diz Fontes. Segundo o economista, uma prova disso são os carros chineses, que estão entrando agora no mercado nacional.
“Tem vários veículos de marcas chinesas que têm o preço baixo e já vêm equipados com itens de série. Mas estão esbarrando no fato de só terem opção de rodar com gasolina”, diz. “Pensando nisso, as marcas chinesas já estão providenciando a mudança para que esses carros se tornem bicombustíveis”, completa.
Gouveia, do Sincopetro, reforça a opinião de Gouveia. “É como se o brasileiro comprasse um carro a álcool e não um carro flex”, diz. “O etanol é quase sempre a primeira opção de combustível para o motorista”, acredita.
Segurança
Para Ayrton Fontes, apesar de estar mais caro e ser menos vantajoso, o etanol também é encarado como uma fonte mais segura de combustível, por não sofrer com os impactos de problemas internacionais, como a atual crise nos países árabes.
“Em meio a problemas e conflitos internacionais que resultam em um aumento do preço do petróleo, o etanol não é influenciado. Então, os consumidores também priorizam o álcool por conta deste detalhe”, aponta.
Cálculo
Para saber qual o combustível é mais vantajoso, basta dividir o preço do derivado de cana pelo de petróleo. Se o resultado for inferior ou até 0,7, o consumidor deve optar pelo combustível vegetal. Caso contrário, a gasolina é a melhor opção.
Fonte: uol.com.br