A Petrobras já acumula em 2011 perdas de R$ 285 milhões com a manutenção de sua política de convergência de preços no longo prazo. O cálculo é apontado pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) em seu boletim mensal, referente ao mês de fevereiro. O cálculo considera a defasagem existente entre os preços do diesel e da gasolina no mercado interno e o valor dos dois combustíveis no mercado americano.

De acordo com o CBIE, se considerado o período desde 2003, quando a atual gestão da Petrobras assumiu o comando da empresa e adotou a postura de não repassar as oscilações do mercado internacional para os preços internos, há um saldo líquido negativo de R$ 6,7 bilhões.

“A manutenção dos preços da gasolina e do diesel acima dos observados no mercado internacional desde a crise econômica em outubro de 2008 permitiu à Petrobras reverter parcialmente o déficit acumulado por conta da diferença negativa entre os preços praticados pela empresa no mercado interno e os preços internacionais desses combustíveis desde meados de 2004”, lembra o consultor Adriano Pires, diretor do CBIE, no boletim.

Ele destaca que de outubro de 2008 até dezembro de 2010, os consumidores de gasolina e diesel compulsoriamente contribuíram com R$ 26,5 bilhões para o caixa da companhia, devido à queda dos preços no mercado internacional que não foi repassada ao mercado interno. A partir da segunda metade de dezembro, porém, o preço internacional do diesel ultrapassou o praticado pela Petrobras e em fevereiro ocorreu o mesmo com os preços da gasolina, o que levou a empresa ao retorno da situação anterior à crise de 2008, acumulando perdas mensais.

Em fevereiro, os preços dos contratos futuros do petróleo Brent e do WTI com vencimento no mês seguinte foram influenciados pela instabilidade política no Egito, Líbia e demais países do norte da África e do Oriente Médio, descolando os preços um do outro. Os preços dos contratos de petróleo WTI inverteram a tendência de queda que apresentaram no início do mês “e encerraram fevereiro praticamente estáveis, com valor médio de US$ 89,74 por barril, representando alta de 0,2% em relação ao mês anterior.

EUROPA –  A dependência da Europa pelo petróleo do norte da África contribuiu para uma rápida escalada do preço spot do barril do Brent, que passou a ser cotado acima dos US$ 100 o barril, fato que não ocorria desde setembro de 2008. Com isso, os contratos futuros do petróleo Brent, com vencimento em 30 dias, chegaram a ser cotados em US$ 112,14 o barril e fecharam o mês de fevereiro a um preço médio de US$ 104,03 por barril, elevação de 7,3% frente ao preço médio de janeiro.

Em fevereiro, destaca o CBIE, os preços nacionais dos combustíveis automotivos, em dólares, estiveram abaixo dos praticados no mercado internacional. O preço de venda do diesel nas refinarias da Petrobras ficou em média, com base no critério da paridade de importação, 14% abaixo dos preços do combustível vendido no Golfo do México. O preço da gasolina nas refinarias nacionais, baseado na paridade de exportação, esteve 7% inferior ao praticado no Golfo do México. Quando calculado a partir da paridade de importação, esteve 16% abaixo.

O CBIE ainda compara a manutenção de preços aos indicadores de inflação do País. Considerando 2005 como ano base, os preços praticados nas refinarias da gasolina e do diesel registram um aumento acumulado até janeiro de 2011 de 23,12% e 28,90%, respectivamente, enquanto o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado pelo Banco Central para fixar a meta de inflação no Brasil, registra aumento acumulado de 33,55%, no período.

O aumento acumulado do preço da gasolina A permanece abaixo do IPCA desde junho de 2009, enquanto o aumento do preço do óleo diesel está abaixo do índice de inflação desde maio de 2010. Segundo o CBIE, a evolução dos preços médios ao consumidor da gasolina e diesel acumula valorização de 14,94% e 19,49%, respectivamente, até janeiro de 2011. Desde julho de 2007, o aumento do preço da gasolina C permanece abaixo do IPCA, enquanto o aumento do preço do diesel está abaixo do índice de inflação desde julho de 2009.


Fonte: Jornal do Commercio